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Vice-Presidente
da SBPqO - Prof. Edmir Matson |
Como vê o futuro da SBPqO, e quais as
metas que pretende implantar?
A nossa sociedade esta no caminho certo. A condução
segura das diretorias anteriores nos permite apreciar um grande desenvolvimento
quantitativo e qualitativo da pesquisa nacional. Independentemente
da área de especialidade, as representações detêm
alta qualidade expressa ao longo das últimas reuniões.
Obviamente o incremento de sócios efetivos orientadores
-, nos permite justificar o aumento significativo de sócios
iniciantes que juntos compõe o grande pulmão da Pesquisa
Nacional que ano a ano vem buscando participar das atividades. |
A reunião anual é sem dúvida ansiosamente
esperada por constituir-se o grande foro de debate da pesquisa odontológica
e assim deverá permanecer. Incrementar a troca de idéias e
discussão em todos níveis serão metas com o objetivo
de valorizar ainda mais os resultados até aqui obtidos.
Considera importante o patrocínio da SBPqO
em cursos básicos, durante ou fora da reunião? Quais as áreas
que seriam sugeridas, tendo em vista o caracter da entidade?
A Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontologia deve permitir a seus membros
ampla e irrestrita atualização e aperfeiçoamento em
tudo aquilo que se referir a pesquisa de modo que ciclos de estudos baseados
em Metodologia seriam capazes de atingir irrestritamente desde os detentores
de tecnologia de ponta até os menos privilegiados. O momento para
a realização dessas atividades dependerá da disponibilidade
de seus membros e da oportunidade.
Como vê a possibilidade na sua gestão, de continuar com
o evento no mesmo local dos últimos anos ou mudar?
As Reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica
tem características peculiares que constituem fatores determinantes
na seleção do local para realização do evento.
A reunião é o grande momento de integração científica.
A permanência dos apresentadores durante todo evento é uma
prática proveitosa e salutar para a troca de informações,
sendo que a presença dos Orientadores em muito valoriza, estimula
e os aproxima dos orientados.
Vivenciar intensamente estes momentos significa trocar informações
e aprimorar conhecimentos.
Tendo em vista estes fatos, parece claro que o local deverá ter sempre
com as características da Estância de Águas de São
Pedro que terá como maior atrativo durante o evento o próprio
evento, onde a proximidade e o interesse das pessoas propiciará sempre
a integração tão almejada em todos os sentidos.
Pioneiro da idéia de fundar a SBPqO junto com
outros quatro professores, todos sócios da IADR (Wilson Chagas
de Araújo, Flávio Fava de Moraes, Roberval de Almeida Cruz
e o falecido José Carlos Borges Teles) , como vê a iniciação
científica atualmente e a repercussão da mesma na SBPqO?
A formação de Recursos Humanos é imprescindível
para o desenvolvimento da pesquisa em uma determinada área de conhecimento.
A busca de jovens com potencial para a pesquisa é um trabalho de
garimpo, objetivando a formação de massa crítica
na área desejada. O processo depende basicamente de: (a) qualidade
científica do orientador e (b) interesse do estudante em aprender.
Em razão disso, tanto a FAPESP quanto o CNPq apoiam este programa.
A reunião anual de pesquisa em I.C. é uma atividade importante
para o desenvolvimento da pesquisa. A SBPqO, tem como um dos objetivos
a estimulação da pesquisa de qualidade, idealizada para
concentrar esforços nos programas de pós-graduação.
Contudo, não deve desprezar a I.C. com os bolsistas sempre acompanhados
de seus respectivos orientadores.
Qual a sua opinião sobre Revistas de Odontologia: o que está
faltando e o que precisa ser aperfeiçoado nesta área de
publicações científicas?
Assunto muito complexo. É tão complexo quanto o número
de Faculdades de Odontologia no Brasil, exagerado para uma população
de 160 milhões de habitantes. Quase que todas Faculdades, todas
as Associações, etc., tem suas revistas para dar vazão
aos seus trabalhos. Isso faz com que não exista avaliação
pelos pares, importante para emprestar qualidade aos trabalhos aceitos
e publicados.
Gostaríamos de ouvir sugestões e até conselhos do
sócio fundador , primeiro presidente para aqueles que têm
batalhado pela mesma, procurando fazer sempre o melhor.
As mesmas de quando a SBPqO foi formada. 1) Estimular cursos (de mais
ou menos um mês em período integral) com ênfase em
pesquisa, para interessados (tanto professores quanto estudantes de P.G.).
2) Continuar com Forum Científico, somente para dissertações
ou teses, apresentado sempre por aluno regularmente matriculado em curso
de P.G.
Prof.
Roberval de Almeida Cruz |
Sendo um dos nomes do grupo idealizador da Sociedade
e importante colaborador em seu discurso em 1986, manifestou a possibilidade
de uma Revista da Sociedade, referindo-se na época ao Brazilan
Journal of Oral Biology. Como vê hoje esta possibilidade, e quais
as suas idéias a esse respeito, vendo todas as transformações
que ocorreram?
Quando iniciamos a SBPqO não existia qualquer periódico
que atendesse a todos os requisitos que consideramos essencial a uma revista
de alto padrão e nem trabalhos em número suficiente para
manter a periodicidade e a qualidade adequada. O número de associados
era relativamente pequeno, como também as apresentações
dos trabalhos nas reuniões. A idéia, porém foi esquecida
e sempre se manteve acesa nos sonhos dos idealistas. Com a consolidação
da SBPqO, conseguida com o trabalho profícuo de todas as suas Diretorias,
atual e anteriores, aliado ao engajamento maciço e o suporte de
seus associados, representantes da verdadeira Ciência Odontológica,
que transformaram a Sociedade no verdadeiro fórum de debates subsidiados
pela pesquisa, torna-se imperioso rediscutir a necessidade da existência
de um orgão de publicação. Isto fortalecerá
ainda mais a associação, criando o veículo ideal
para a divulgação dos resultados dos projetos científicos.
Esta Revista deve ser de alto padrão, adotar os melhores modelos,
possuir corpo editorial rígido e de expressão, ter circulação
internacional: ser publicada regularmente, ser necessariamente indexada,
estar aberta aos pesquisadores de todas as instituições
e principalmente, possuir uma política editorial clara e definida
em favor da valorização da qualidade e do mérito
científico.
Mais do que nunca agora existem todas as condições para
viabilizar o projeto editorial: o número de trabalhos apresentados
nas Reuniões Anuais vem aumentando significantemente, tanto em
número quanto em qualidade; a SBPqO é considerada o ramo
brasileiro da IADR: a classe odontológica científica brasileira
está preparada para alimentar a publicação. Ele é
possível. Somente é necessário a decisão política
de enfrentar o novo desafio.
Prof.
Flávio Fava de Moraes |
Como um dos pioneiros da SBPqO , fundador e ex-presidente,
vê o crescimento da iniciação científica ,
hoje na Sociedade, quando a idéia inicial era basicamente o estímulo
e desenvolvimento dos pós-graduação?
A iniciação científica (IC) constitui-se numa alternativa
simultânea à graduação procurando evitar que
o aluno fique exclusivamente vinculado às tarefas curriculares.
A IC permite-lhe desenvolver atividades espontâneas o vocacionais,
junto ao docente e/ou disciplina que mais lhe motiva; desenvolve seu sentido
crítico e analítico, favorece a compreensão das vantagens
e dificuldades de pesquisa; aperfeiçoa a maneira de se expressar
por escrito e oralmente; amplia a leitura mais atualizada e em outros
idiomas; facilita o ingresso e a conclusão da pós-graduação,
etc. E tudo isto sem a obrigação de tornar-se, no futuro,
um pesquisador. Se ocorrer ótimo, caso contrário será
um profissional mais apto a decidir pelo melhor preparo intelectual, Ademais,
a história demonstra que, se a idade não é fator
limitante para se fazer boa ciência, a grande maioria dos bons cientistas
começaram suas atividades precocemente, ou seja, quando ainda estudantes
de graduação. Apesar do número crescente de graduados
em IC o panorama ainda é desolador. Basta dizer que em 1997 o Brasil
tinha 1.700.000 estudantes universitários e, consideradas a IC
e todas as alternativas similares o número de alunos participantes
do programa não ultrapassou 50 mil, isto é apenas 3% dos
matriculados o que é um índice medíocre para as necessidades
que o pais possui.
Em 1986, um dos fundadores propôs a possibilidade de uma Revista
da Sociedade preocupado, porém, principalmente com a qualidade
da mesma. Hoje, passados 10 anos, qual é a sua opinião a
respeito de uma Revista própria da Sociedade?
O Brasil não possui uma Revista que represente com a necessária
credibilidade a pesquisa odontológica de qualidade que o Brasil
já produz, Ao contrário, nossa boa pesquisa ou é
divulgada em periódicos internacionais especializados e conceituados
(o que é relevante) ou é publicada em periódicos
nacionais modestos e heterogêneos. Neste último caso, a diversificação
é tanto temática misturando-se pesquisa básica ,
aplicada e tecnológica, como também, relatos científicos,
revisões de literatura e até textos ingênuos típicos
de uma apostila estudantil. Como consequência, temos uma diluição
de coisas boas num entulho inútil favorecendo o currículo
dos que pertencem a este último setor em detrimento do mérito
dos primeiros.
Uma revista deve ter qualidade de conteúdo e, acima de tudo, deve
conquistar uma identidade sólida e questionável. Raramente
estas premissas são encontradas em publicações de
uma própria instituição promotora ou, como já
dito, quando os seus artigos são muito diversificados em seus objetivos
e qualidade.
A SBPO já tem história e respeito adquiridos em 15 anos
de crescente e elogiosa atuação como o principal fórum
de pesquisa odontológica do Brasil e, talvez, do continente latino-americano.
Portanto, tem tudo para editar uma Revista de pesquisa científica
que agregue a nossa competência. Contudo, não deve ser uma
Revista "a mais" e que, gradativamente, promova a falência
das demais. Deve ser fruto de um prévio esforço planejado,
cooperativo e substitutivo de muitas outras que, tentaram mas não
se consolidaram como deviam.
Esta ação consensuada e estratégica favorecerá:
otimização de recursos despendidos, captados de propagandas,
apoio das agência, de fomento, aumento do número de assinantes,
melhor qualidade de gestão, economia na distribuição,
melhoria nas permutas, e como já dito credibilidade.
A Revista seria de responsabilidade integral da SBPqO e não de
instituições vulneráveis a arções corporativas,
Este procedimento já é plenamente exitoso no Brasil, destacando-se
a Revista "Brazilian Journal of Medical and Biological Researsh"
da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FESBE)
que já está no seu 30º ano e representa a melhor referência
internacional do Brasil nas sub-áreas em que atua.
Sem deixarmos de possuir algumas boas Revistas profissionais que são
imprescindíveis aos clínicos gerais e/ou especialistas,
como por exemplo a Revista da APCD (uma publicação pioneira
iniciada como Revista Odontológica Brasileira em 1911) teríamos
uma ótima revista, eliminando-se muitas, desnecessárias
e colocaríamos racionalmente a pesquisa odontológica brasileira
no destaque que merece
Gostaríamos de ouvir algumas sugestões , frente a sua
experiência internacional e nacional visitando escolas, participando
de eventos , para implementar ou mesmo reformularmos certos aspectos da
sociedade?
A SBPqO poderia, anualmente, eleger algumas poucas questões (ou
temas) relevantes, convidar um número reduzido de especialistas
para a reunião do ano seguinte apresentarem uma revisão
do estado atual daquela questão, seguido de debate participativo.
A revisão e as perguntas-respostas do debate seriam publicadas
visando a mais ampla divulgação possível. Teríamos
a cada ano, uma espécie de Núcleo de Estudos Avançados
onde colegas qualificados teriam a responsabilidade de colocar nossa coletividade
em igualdade de condições aos melhores centros. Ou seja,
teríamos as atualizações e "internacionalização"
do conhecimento através de um procedimento fácil, rápido,
pedagógico e confortável. Aperfeiçoar a fundamentação
de mérito nos pareceres que aprovem ou não os trabalhos
submetidos aos eventos da SBPqO. Esta atitude tem impacto positivo para
os que estão atuando corretamente e permitem a correção
de rumo para os que irão aprender pelo parecer onde estão
os equívocos de planejamento, metodologia e interpretação
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